Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 889-2 | ||||
Resumo:As carbapenemases (Cse) são enzimas que, embora sejam consideradas hidrolíticas para os carbapenêmicos, possuem perfil de hidrólise e inibição específicos. Entre as Cse destacam-se: Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) e New Delhi metallo-betalactamase (NDM), codificadas pelos genes blaKPC e blaNDM e, carreadas por plasmídeos de incompatibilidade (Incs). Assim detectar qual Cse está presente é de grande importância clínica pois fármacos como ceftazidima-avibactam possuem atividade apenas contra KPC sendo inativos contra NDM. Embora rara, a presença dessas enzimas pode ser concomitante em um único isolado. O objetivo desse estudo foi detectar isolados carreadores de blaKPC e blaNDM concomitantes e sua disseminação em um hospital de ensino no Paraná. Foram incluídos no estudo isolados bacterianos detectados de pacientes hospitalizados entre os anos 2020 e 2022. A identificação bacteriana e o antibiograma foram realizados pelo sistema BD-PhoenixTM e a sensibilidade para polimixina B (PMB) foi realizada através do kit Policimbac – Probac. A pesquisa dos genes blaKPC e blaNDM foi realizada pelo método de Reação em Cadeia da Polimerase-Multiplex e a tipificação molecular e análise da relação clonal dos isolados pelo método de Enterobacterial Repetitive Intergenic Consensus Polymerase Chain Reaction (ERIC-PCR), com análise do perfil de bandas feita no software Bionumerics. Foram considerados do mesmo cluster os isolados com coeficiente de DICE >0,93. Durante o período do estudo, 31 isolados carreadores de ambos os genes foram identificados. Destes 31 isolados, 29 eram Klebsiella pneumoniae (93.5%), apenas um isolado era de K. oxytoca e surpreendentemente um de Pseudomonas aeruginosa. As amostras de vigilância representaram 68% (21/31) dos isolados e, entre as amostras clínicas, a urina se destacou com 23% (7/31) dos isolados. Inclusive,
um paciente apresentou dois isolados, sendo um de urina e outro de vigilância. Em relação aos setores houve destaque para a unidade de terapia intensiva destinada a paciente com COVID-19 (UTI-COVID) com 52% dos isolados seguida pela clínica médica com 23% dos isolados. Os isolados de K.pneumoniae positivos para blaKPC e blaNDM apresentavam resistência a todos os antibacterianos, até mesmo a PMB (3 isolados de K. pneumoniae e 01 de P. aeruginosa). A caracterização molecular revelou a presença de 4 diferentes clusters, um deles com mais de 10 representantes. O caso índice deste grande cluster foi em swab de vigilância de um paciente
internado na clínica médica, disseminando-se em várias unidades hospitalares. Além disso, o mesmo cluster teve picos de detecção nos bimestres abril-maio/2021 e junho-julho/2021 na UTI-COVID do hospital caracterizando um surto isolados carreando blaKPC e blaNDM nessa unidade durante estes períodos. Além deste grande cluster de K. pneumoniae, ainda tivemos outros 3 na UTI-COVID apenas no mês de maio/2021 e, 2 na mesma unidade no mês de junho/2021. Os dados demonstraram alta frequência de isolados carreando blaKPC e blaNDM durante a pandemia da COVID-19, que como sabemos diversos fatores facilitaram essa disseminação, no entanto, recomendamos que mesmo após a pandemia devemos continuar com a vigilância e o monitoramento destas bactérias principalmente pois além da colonização essas bactérias multirresistentes causam
processos infecciosos e apenas conhecendo quais as enzimas Cse estão presentes podemos fazer uso de uma terapêutica direcionada e do controle de sua disseminação. Palavras-chave: carbapenemases, blaKPC e blaNDM, vigilância, ; COVID-19 Agência de fomento:CAPES |